Nesta fase crítica que estamos vivenciando na Terra, com o pensamento religioso defasado, gerando fanatismo e/ou ateísmo, é preciso atualizar crenças que foram boas em épocas mais infantis da humanidade, mas que não respondem mais às nossas necessidades atuais.
Vejamos, por exemplo, que a forma como o Cristianismo vê Deus não mais cabe no âmbito da razão, do bom senso, da realidade que vivenciamos e nem encontra sustentação na Ciência e nos conhecimentos atuais, desfavorecendo a Fé, tão importante para o jornadear humano.
Como aceitar a ideia de que o Criador e mantenedor do cosmo e da Vida, o “Grande legislador do Universo”, conforme Einstein, seja um velho sentado num trono no “Céu”, a receber os louvores e as bajulações dos anjos e dos humanos – destes últimos também as suas petições -; enviando uns para o Céu e outros para o Inferno após a morte etc.? Obs. Para melhor ilustrar essa situação, vamos incluir ao final deste, o poema “Juízo Final”.
Podemos, entretanto, pensá-Lo em uma forma racional, plenamente aceitável pela Ciência, como sendo uma Mente Cósmica em dois Aspectos: o Masculino – a inteligência, a engenharia, a construção etc. – e sua contraparte, o Feminino – o Amor, a beleza e os sentimentos harmonizando, embelezando e dando Vida a essa construção.
Obs. Em capítulos futuros essa ideia é mais profundamente abordada.
Dessa forma, podemos ter uma ideia mais adequada, mesmo dentro da nossa infantilidade espiritual, sobre esse Algo, muito além das nossas possibilidades de entendimento mais pleno.
Podemos perceber, também, como as Leis Universais resultantes desse equilíbrio, masculino-feminino, refletem a Inteligência com Justiça e o Amor com Inteligência.
Essa percepção mais avançada e mais racional, igualmente, nos leva a entender que nossa vivência nesta fase mais amadurecida, nos coloca diante das nossas responsabilidades. Deus deixa de ser aquele velhinho a receber nossas bajulações e nos favorecer com bênçãos na Terra e ingresso no Céu, para ser Algo cujas Leis nos vão conduzindo rumo à vivências mais justas e mais amorosas, em aprendizados ao longo das reencarnações, nas quais vamos assumindo as responsabilidades pelos nossos erros e os corrigindo, eliminando, assim, as culpas que pesam em nosso inconsciente.
Percebemos, também, que o Universo, o Todo e nós mesmos, somos os filhos dessa Mente fabulosa que nos criou e nos conduz com a Justiça que educa e com o Amor que acolhe e fortalece.
Por esse novo olhar sobre Deus, como sendo a Mente Cósmica constituída de Pai e Mãe, e nós, partícipes do Filho-Cosmo, tudo passa a ficar diferente.
Saímos daquela condição de pedintes para a de pertencimento, que nos situa em nossa verdadeira posição de agentes da Vida e donos de nós mesmos, de nossas escolhas; construtores do nosso presente e futuro e com todas as possibilidades de viver, aprender, crescer e sermos felizes, no rumo da plenitude.
Então, com essa nova Luz iluminando nosso interior e conscientes de que somos parte do Todo, irmãos de todos, de tudo o que vive e do que apenas é, podemos orar, dizendo:
“Pai, que estás no Todo e em Tudo, ajuda-me a vivenciar o equilíbrio da Justiça com Sabedoria; de uma Fé Consciente e Racional, na alegria de saber que Teu Pensamento me empodera e me conduz…
Mãe, que estás no Todo e em Tudo, ajuda-me a desenvolver o Amor, a mais poderosa energia do Universo; ajuda-me a vivenciar a paz, a harmonia e a humildade. Abraça-me, Mãe, e me plenifica, tornando amoroso meu olhar para tudo e todos e que, nesse despertar, nessa nova Luz, eu seja sempre uma presença benéfica, onde estiver…”
Obs.: Podemos, certamente, também pedir ajuda, amparo e assistência a Nossos Pais, para os mais variados problemas e dificuldades na Vida e no cotidiano, já que somos parte do Filho-Cosmo.
Poema Juízo Final
De: Benedito Godoy Paiva
Sentado o Padre eterno em trono refulgente,
olhar severo envia a toda àquela gente!
Enquanto uns anjos cantam, outros vão levando
ante a figura austera desse Venerando
as almas que da tumba emigram assustadas,
vendo o tribunal solene, majestoso,
em que vão ser julgadas.
Dois grupos são formados,
um de cada lado:
o da direita, Céu; o da esquerda, Averno;
e Satanás, ao canto, o chifre fumegante,
espera impaciente, impávido, arrogante,
a “turma” para o Inferno.
Aconchegando o filho, a alma bem-amada,
e que na Terra fora algo desassisada,
uma mulher se chega e a sua prece faz,
rogando ao Padre Eterno,
poupe do Inferno o pobre do rapaz!
Cofia o Padre Eterno, a longa barba branca
e os óculos, ajustando à ponta do nariz,
o olhar dirige, então, à pobre desgraçada
e compassado diz:
os anjos vão levar-te agora ao Paraíso
e dar-te a recompensa, o teu descansa eterno.
Ali desfrutarás felicidades mil,
Porém, teu filho mau irá para o inferno.
Um anjo toma o moço e o leva a Satanás;
Porém, a pobre mãe ao ver partir o filho,
aflita, corre atrás!
E ao incorporar-se ela às hostes infernais,
eis grita o Padre Eterno em tom assustador.
Mulher para onde vais?!!!
E o que se passou, então,
ninguém esquece mais:
Eu vou para o Inferno, ao lado do meu filho,
a repartir comigo a sua desventura!
As lágrimas de mãe, as gotas do meu pranto,
acalmarão no Averno a sua queimadura!
Eu deixo para ti esse teu Paraíso,
essa mansão celeste onde o amor é surdo!
Onde se goza a vida a contemplar tormento,
onde a palavra amor represa um absurdo!
Entrega esse teu Céu às mães malvadas, vis,
que os filhos já mataram para os não criar,
pois só essas megeras poderão, no Céu,
ouvir gritar seus filhos sem se consternar!
Desprezo esse teu Céu! O meu amor é grande!
Imenso! Assaz sublime! E posso te afirmar
que se não te comove o pranto lá do Inferno,
e os que no Averno são todos filhos teus,
o meu amor excede o próprio amor de Deus!
E ante o estupefato olhar do Padre Eterno,
a Mãe beijou o filho… e foi para o Inferno…
Saara Nousiainen